MULTITASKING

O termo “multitasking” tem origem na engenharia da computação e se refere a habilidade de um computador de aparentemente processar múltiplas tarefas simultaneamente.
Desde a década de 1960, vêm sendo estudada a natureza e os limites da capacidade do ser humano em realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo, e o que tem sido descoberto é que existe uma certa “filtragem”do cérebro que limita a execução de mais de uma tarefa simultaneamente.

O que se sabe, é que o cérebro não consegue focar totalmente enquanto realiza múltiplas tarefas. Quando as pessoas tentam realizar múltiplas tarefas simultaneamente, ou alternam rapidamente entre elas, tendem a errar mais e levam mais tempo em completa-las. Isto acontece porque o cérebro tem que recomeçar e retomar o foco a cada mudança de tarefa. Na realidade, o que ocorre é uma rápida alternância entre tarefas, em vez de processamento simultâneo.

MULTITAREFA x MEMÓRIA:

Nós temos uma capacidade limitada de reter informações, o que piora quando a quantidade de informações aumenta. Portanto, o multitasking prejudica a nossa formação de memórias.

CORTEX PRÉ FRONTAL:

O córtex pré-frontal do cérebro começa a funcionar sempre que você precisa prestar atenção. Essa área do seu cérebro ajuda a manter sua atenção em um único objetivo e a executar a tarefa coordenando mensagens com outros sistemas cerebrais. Trabalhar em uma única tarefa significa que ambos os lados do córtex pré-frontal estão trabalhando juntos em harmonia. A adição de outra tarefa força os lados esquerdo e direito do cérebro a trabalhar de forma independente. Cientistas do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) de Paris descobriram isso quando pediram aos participantes do estudo que realizassem duas tarefas ao mesmo tempo, enquanto eram submetidos a ressonância magnética funcional (fMRI). Os resultados mostraram que o cérebro se divide ao meio e nos faz esquecer detalhes e cometer três vezes mais erros quando realizados dois objetivos simultâneos.

Um estudo da Universidade de Londres descobriu que os participantes que realizaram multitarefas experimentaram um declínio no QI semelhante aos que foram privados de sono a noite toda. Algumas pessoas tiveram uma queda de 15 pontos no QI, deixando-os com o QI médio de uma criança de 8 anos de idade.

Um estudo da Universidade de Sussex (Reino Unido) comparou a estrutura cerebral dos participantes com a quantidade de tempo gasto em dispositivos de mídia, como mensagens de texto ou assistindo TV. Os exames de ressonância magnética dos participantes mostraram que aquelas pessoas que realizavam multitarefas tinham menos densidade cerebral no córtex cingulado anterior. Esta é a região do cérebro responsável pela empatia e controle emocional. A implicação de suas descobertas é que a multitarefa, especialmente envolvendo o uso de dispositivos de mídia, pode alterar permanentemente a estrutura do cérebro após um longo período de uso.

Então, além de não nos trazer benefícios em nossa produtividade, a realização de múltiplas tarefas, aumenta nossos erros, reduz nossa atenção, prejudica nosso aprendizado e memorização, reduz o nosso coeficiente intelectual e nos causa lesão no córtex cintilado anterior. Então, por que fazemos isso mesmo?

 

Fontes: Lui, K. F. H., & Wong, A. C. N. Does media multitasking always hurt? A positive correlation between multitasking and multisensory integration. Psychonomic Bulletin & Review. 2012. DOI: 10.3758/s13423-012-0245-7.

NPR. Multitasking may not mean higher productivity. Aug. 28 2009.

Ophir, E., Nass, C., & Wagner, A. D. (2009). Cognitive control in media multitaskers. Proceedings of the National Academy of Sciences for the United States of America. 2009. doi: 10.1073/pnas.0903620106.

Rogers, R. & Monsell, S. (1995). The costs of a predictable switch between simple cognitive tasks. Journal of Experimental Psychology: General. 1995;124:207-231.

Rubinstein, Joshua S.; Meyer, David E.; Evans, Jeffrey E. (2001). Executive Control of Cognitive Processes in Task Switching. Journal of Experimental Psychology: Human Perception and Performance. 2001;27(4):763-797.